EJA - (Rio) PEJA

A Importância da Educação de Jovens e Adultos na Auto-Estima de Trabalhadores Rurais

 

A Importância da Educação de Jovens e Adultos na Auto-Estima de Trabalhadores Rurais

Maria Theresa Santos De Luna¹
A escola tem como objetivo basilar promover o desenvolvimento humano quando garante o acesso e a permanência das crianças e jovens. Entretanto não é esta a realidade que vemos no Brasil, pois a miséria está tão caracterizada que as pesquisas constantemente afirmam que a educação não é uma prioridade nos grupos sociais mais pobres. A prioridade para esses grupos é a sobrevivência. O escritor e economista César Benjamim refere-se a essa situação de miséria que corrompe principalmente a educação brasileira com o seguinte discurso:

“É um crime contra o Brasil. O maior patrimônio de um país é seu próprio povo, e o maior patrimônio de um povo é a sua cultura. A cultura lhe permite expressas melhor conceitos e sentimentos, conhecer bem a língua que fala, reconhecer sua identidade, ampliar seu horizonte de direitos, aumentar sua capacidade de organização, comunicar-se melhor consigo e com outros povos, aprender novas técnicas, ter acesso ao que de melhor a humanidade produziu na ciência e na arte”(Caros Amigos; Jan. 2005, p. 15)

A miséria no país é uma das principais causas do analfabetismo pois ela é a alavanca que impulsiona o desinteresse pelo aprender. Pela necessidade do trabalho as crianças são retiradas da escola para buscarem a sobrevivência não apenas sua mas, de toda a sua família, essa sobrevivência é alcançada por esses pequenos discentes forçando-os a emigrar das escolas para ficarem nas estradas mendigando, ou até mesmo trabalhando, e se submetendo aos rendimentos irrisórios que são destinados aos menores de idade. Na zona rural as crianças são destinadas desde bem pequenas ao trabalho na roça, aos afazeres domésticos e a criação de seus irmãos menores. Quando trabalhamos com estudantes da zona rural, não importa de qual região deste imenso país, constantemente nos deparamos com trabalhadores rurais já de certa idade que expressam seus anseios educacionais com citações como esta: - “Já são muitos anos de trabalho na roça... tantos que já perdi as contas, e agora já velho, já cansado me sinto sozinho! Gostaria de poder ter tido condições de conhecer outros mundos, outras culturas, outros ofícios... Na verdade eu gostaria de poder ter aprendido a ler um livro, coisa que hoje com a vista já gasta me vai ser mais difícil... Eu gostaria de saber como assinar o meu nome e não mais precisar sujar meu dedo com aquela bendita almofada de carimbo!”(Sr. José de Arimatéia,78 anos, Sítio Avencas – Gravatá-PE) Diante de situações de apelo educacional como esta devemos enquanto educadores, refletir sobre a motivação gerada pela educação de jovens e adultos na auto-estima de trabalhadores rurais de todo o Brasil, e lembrarmos que a motivação, bem como a afetividade, contribuem de forma efetiva para a construção do processo de ensino e aprendizado desde o início da vida educacional. A motivação atua de forma construtiva na aceleração do raciocínio e na necessidade do educando de expor seus conhecimentos e idéias.

A motivação age em efeito ambíguo a utilização da Pedagogia do Fracasso, levando o aluno a acreditar em seu potencial de execução e de construção do aprendizado. O educando que encontra em seu educador o mecanismo que impulsiona seu crescimento e o desenvolvimento de suas habilidades, despertando nele sua inteligência cognitiva, resulta efetivamente, e crescentemente dentro do processo de ensino-aprendizagem. O discente quando submetido ao menosprezo de parte do seu educador, tende a manifestar apatia e adotar um comportamento displicente e muitas vezes agressivo dentro de sala de aula, comportamento esse que se manifesta diante da falta de recursos motivacionais e sócio-afetivos por parte da equipe docente, e das relações dentro do âmbito escolar. É cogente no papel do educador a utilização de práticas que estabeleçam relações sócio-afetivas entre todos os elementos que compõem o processo educativo pedagógico.

A Educação de Jovens e Adultos de acordo com o Parecer CEB 11/2000, apresentam, em razão dos novos princípios básicos, as seguintes principais funções: a função reparadora( ao reconhecer a igualdade humana de direitos e o acesso aos direitos civis, pela restauração de um direito negado);a função equalizadora(ao objetivar propor igualdade de oportunidades de acesso e permanência na escola) e a função qualificadora(ao viabilizar a atualização permanente de conhecimentos e aprendizagens contínuas).

Consta no Parecer CEB 11/200 e Resolução CNE/CEB 1/200, nas questões pertinentes as Diretrizes Curriculares Nacionais, os princípios na educação de jovens e adultos no Brasil, definidos da seguinte forma:

1. A educação como direito público subjetivo, compreendido como aquele pelo qual o titular de um direito(de qualquer faixa etária que não tenha tido acesso à escolaridade obrigatória) pode exigir imediatamente o cumprimento de um dever e de uma obrigação. Direito que pode ser acionado por qualquer cidadão, associações, entidades de classe e o Ministério Público(Parecer CEB 11/2000 e Art.5º da LDB/96)

2. Educação como direito de todos, através da universalização do ensino fundamental e médio. A Constituição Federal de 1988 expressa ser dever do Estado a garantia do ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiverem acesso na idade própria(art.208) e a Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece a obrigatoriedade e gratuidade do ensino fundamental e a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio(Art.4º).

O acesso ao saber escolar é viabilizado pela oferta de cursos regulares presenciais e a distância e exames supletivos feita por instituições de ensino públicas ou privadas credenciadas. Exige-se dos jovens e adultos serem maiores de 15 anos para conclusão do ensino fundamental e maiores de 18 anos para conclusão do ensino médio. O direito à realização de exame supletivo é extensivo às comunidades indígenas. (Art.37 e 38 – LDB796)

3. Educação permanente, que considere as necessidades e incentive as potencialidades do educando; promova a autonomia dos jovens e adultos, para que sejam sujeitos da aprendizagem; educação vinculada ao mundo do trabalho e as práticas sociais; projeto pedagógico com flexibilidade curricular e conteúdos curriculares pautados em três princípios: contextualização, reconhecimento de identidades pessoais e das diversidades coletivas (Parecer CEB 11/2000).

O educador, ciente das principais funções ao qual se propõe esta modalidade de ensino deve estabelecer como alcança-las de forma efetiva e satisfatória, para isso ele deve ponderar seus objetivos educacionais e preparar-se para acatar este novo desafio. Educar jovens e adultos não é uma tarefa fácil, e trabalhadores rurais tornam essa tarefa ainda mais árdua. São alunos que encontram-se em idade avançada e que passam todo o dia trabalhando na lavoura, na roça ou na lida com animais. São homens e mulheres que a noite estão cansados, e não apresentam mais aquele entusiasmo, contudo eles anseiam pelo despertar do saber. Recheados de vícios de linguagem, críticos de seus conhecimentos prévios, criadores de hipótese e formuladores de opinião são um público no qual, nós educadores devemos estabelecer o resgate na esperança de desenvolvimento do aprendizado. É esta a meta a ser alcançada pelo educador de Jovens e Adultos.

Uma das tarefas do educador ou educadora progressista, através da análise política, séria e correta é desvelar as possibilidades não importam os obstáculos, para a esperança, sem qual pouco podemos fazer porque dificilmente lutamos e quando lutamos, enquanto desesperançados ou desesperados, a nossa é uma luta suicida, é um corpo-a-corpo puramente vingativo.(FREIRE, Paulo:Pedagogia da Esperança; 13º edição; Editora Paz e Terra, S.P.; 2006, p. 11)

O processo contínuo e construtivo de socialização do sujeito se dá também, em primeira instância, no máximo de interações sócio-afetivas interdependentes, deste com o outro e com o meio – fator característico da primeira infância – na busca pela satisfação orgânica e psicológica, seguindo progressivamente em direção ao limite da individualidade e, conseqüentemente, da autonomia. Desse modo, a manifesta correspondência entre os aspectos afetivo e cognitivo, no tocante às respectivas evoluções, compete tornar explícito o papel da afetividade nos períodos do transcurso do desenvolvimento humano.

“...não o eu enquanto diferente dos outros eus e refratário à socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normas de reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de estar à margem da sociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização. Com efeito, é na medida em que o eu renuncia a si mesmo para inserir seu ponto de vista próprio entre os outros e se curva assim às regras da reciprocidade, que o indivíduo torna-se personalidade(...). (...) a personalidade consiste em tomar consciência desta relatividade da perspectiva individual e a coloca-la em relação com o conjunto das outras perspectivas possíveis: a personalidade é, pois uma coordenação da individualidade com o universal” (PIAGET, 1967, p.245 apud LA TAILLE, 1992, p.17).

Ora, se à intensa atividade cognitiva concomitantemente se desenvolve a construção do si, ressalta Dantas,

“...cabe à educação, em cada um desses momentos, a satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois a construção de si mesmo. Esta exige espaço para todo tipo de manifestação expressiva: plástica, verbal, dramática, escrita, direta, ou indireta, através de personagens susceptíveis de provocar identificação.” (DANTAS,1992,p.95)

Visto o exposto podemos perceber a importância da motivação dentro do processo de aprendizado do discente e a relação estabelecida entre a inteligência e o desenvolvimento de capacidades e habilidades, além disto, podemos facilmente analisar o amparo legal na fomentação desta motivação. Então não trata-se apenas de ministrar aulas para pessoas fora da faixa etária regular. Trata-se de estabelecer a cidadania e garantir os direitos destes discentes que buscam a libertação da assinatura com digitais e vislubram a leitura, produção e a compreensão de um texto.


Autor: Maria Theresa Santos De Luna
Texto enviado às 13:20

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Escrita coletiva na EJA

Bloco de Conteúdo
Língua Portuguesa

Conteúdo
Alfabetização Inicial

Plano de aula
 

Objetivos
- Produzir uma carta coletivamente.
- Observar e explorar as diferenças entre a linguagem oral e a escrita.

Conteúdo
- Produção oral com destino escrito.

Anos 
1º e 2º.

Tempo estimado 
Cinco aulas.

Material necessário
Música e letra da canção Valsinha, escrita por Chico Buarque e Vinicius de Moraes, disponíveis neste site, digite na busca a palavra Valsinha. Entre as opções encontradas, escolha aquela cantada pelo artista Chico Buarque.

Desenvolvimento 
1ª etapa
Convide os alunos para uma audição da composição. No fim, pergunte se alguém já a conhecia, assim como seus autores. Recorde A Banda, que também é assinada por Chico Buarque. Apresente a música mais uma vez para a turma. 

2ª etapa
Leia a letra em voz alta e estimule que os estudantes digam o que entenderam. Questione-os sobre o casal da história. Quantos anos eles têm? Qual a profissão deles? Registre essas e outras características no quadro. 

3ª etapa
Proponha que o grupo elabore uma carta contando o episódio apresentado na música - os alunos vão ditar o texto e você será o escriba. Como remetentes, eles terão de se colocar no papel da mulher apresentada na música, que é surpreendida pelo marido. Ela mora em uma cidade distante do lugar onde nasceu e escreve para sua prima, que lá ficou. 

4ª etapa
Converse com a turma sobre o envio e o recebimento de cartas. Quem já ditou uma? E quem já recebeu? Comunicar uma notícia por carta é diferente de falar por telefone? Por quê? Peça que todos apontem as características do gênero: como uma carta deve começar? E terminar? 

5ª etapa
Inicie a produção da carta. Embora você deva atuar como escriba, seu papel não será passivo. Chame a atenção do grupo para a coerência do texto e a presença de elementos que marcam o gênero. Releia as partes que estiverem confusas e peça que a turma melhore todas. Explicite a importância de transpor a linguagem oral para a escrita, perguntando: como isso que você falou deve ser escrito? Retome a leitura do texto, dizendo ao grupo que é importante se colocar no lugar do destinatário. Se necessário, estimule os estudantes a analisar se a carta transmite a emoção que a letra da música apresenta e peça que façam as inserções necessárias. 

6ª etapa
Converse com a turma a respeito dos motivos que levam as pessoas a escrever cartas e destaque o uso real do gênero.

Avaliação
Durante a escrita coletiva, analise a capacidade de criação dos alunos, considerando que eles tiveram de criar elementos para compor a carta que não estavam definidos na música. Observe o texto: qual o domínio que o grupo tem da linguagem escrita comum a esse gênero? Se a produção apresentar muitas falhas, retome a produção coletiva, dessa vez convidando todos a escrever uma carta a um destinatário real sobre um episódio verídico.

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 Agenda telefônica da turma da EJA

Língua Portuguesa

Conteúdo
Produção de Textos

Objetivos 
- Refletir sobre o funcionamento do sistema alfabético de escrita
- Refletir sobre a ordem alfabética

Conteúdo
- Sistema de escrita alfabético

Anos
1º e 2º

Tempo estimado
4 aulas

Material necessário
Alfabeto, tarjetas de cartolina e folhas pautadas com uma letra do alfabeto em cada

Desenvolvimento
1ª etapa
Inicie a conversa perguntando o que os alunos fazem quando precisam ligar para alguém. Quem consegue fazer isso sozinho? Quem precisa de ajuda? O que é mais difícil: encontrar o nome da pessoa ou entender e discar corretamente o número do telefone? Quem da turma possui agenda?
Explique que é importante manter registrado o número de contato dos colegas da turma e também do educador, caso precisem avisar sobre alguma eventual ausência ou outro assunto. Para isso, apresente a proposta de fazer uma agenda telefônica da turma da EJA.

2ª etapa
Solicite que escrevam o nome de cada aluno da turma nas tarjetas, revezando a vez de quem escreve. Se a turma for grande, faça duas levas, solicitando, por exemplo, que escrevam, primeiramente, o nome de todas as mulheres e depois dos homens.

3ª etapa
Depois que os grupos terminarem de escrever todos os nomes, solicite que confiram com o "dono" do nome se a escrita está correta e que façam alterações que forem necessárias.
Em seguida, mostre uma agenda telefônica para os alunos e pergunte como as informações estão organizadas. Mostre as letras expostas nas laterais da agenda e pergunte se eles sabem o que isso significa. Assim que as relacionarem com a ordem alfabética, indique aos estudantes que consultem o alfabeto da classe, que deve estar bem visível.

Dê um tempo para que os grupos tentem classificar os nomes. Depois, peça para que escrevam na lousa os nomes na ordem alfabética, discutindo nome por nome, como perguntas como: "Há mais alguém que começa com A, como o Seu Antônio?" Se houver nomes que se iniciam do mesmo modo, aproxime com as tarjetas um nome do outro e ajude-os a entender que o critério de quem vem primeiro é a próxima letra ou, se forem iguais, a primeira do segundo nome. 

4ª etapa
Com lista em ordem alfabética, promova uma leitura dos nomes, solicitando que localizem alguns como se fossem consultar uma agenda: "Se eu quiser falar com a Dona Joana, onde devo procurar? E o Seu Francisco?" 

5ª etapa
Peça que cada um fale o seu número de telefone para que seja registrado próximo ao nome. Em seguida, entregue uma folha com linhas para cada letra do alfabeto e solicite que façam a cópia dos nomes e números dos colegas, respeitando a ordem. Oriente-os a montar as agendas com grampeador e a fazer uma capa.

Produto final
Agenda telefônica da turma da EJA.

Avaliação
Avalie cada aluno com base nos seguintes aspectos: identifica os nomes dos colegas? Reflete sobre a posição e a ordem das letras que compõem os nomes? A observação desses pontos auxilia a definir os agrupamentos para as próximas atividades, quando podem ser mesclados estudantes de níveis diferentes.

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